quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Do Morro do Papagaio para o Mundo


O Areté Educar, parabeniza a iniciativa da comunidade do Morro do Papagaio no Aglomerado Santa Lúcia em Belo Horizonte-MG, pelo brilhante trabalho desenvolvido há anos que agora ganha a Rede e conquista o mundo, desejamos sucessos aos projetos dessa comunidade e saudamos todos e todas pelo lançamento do site

Atenciosamente,
Gildázio Santos






Breve História do Morro do Papagaio
O Morro do Papagaio corresponde a um conjunto de quatro vilas localizadas na Zona Sul, região nobre, da cidade de Belo Horizonte. Sendo elas:
Vila Estrela;
Vila Santa Rita de Cássia;
Vila São Bento (também conhecida como Vila Carrapato ou Bicão);
Vila Barragem Santa Lúcia.
A formação do Aglomerado se deu no início do século XX e se intensificou a partir da década de 1960 e 1970, em função do acentuado êxodo Rural e a “promessa” de vida melhor que chegava da cidade, principalmente em função da ampla oferta de empregos, sobretudo sem qualificação. Segundo depoimentos dos moradores mais antigos; os primeiros moradores teriam sido descendentes de escravos da antiga Fazenda do Leitão, a qual pertenceu o atual casarão do Museu Histórico Abílio Barreto.
O Morro do Papagaio abriga também um casarão, de configuração típica das fazendas mineiras, feito em adobe, da segunda metade do século XIX, conhecido na vila como “Casa da Fazendinha” foi tombada em 1992, como patrimônio histórico do município de Belo Horizonte. O casarão foi sede da Fazenda Cercadinho, propriedade de aproximadamente 200 alqueires e que pertencia ao senhor José Eleto da Silva Diniz. Nessa fazenda havia também uma olaria denominada Cerâmica Santa Maria. As cerâmicas aqui produzidas foram as que provavelmente embelezaram muitas casas e edifícios de Belo Horizonte.
A fazenda Cercadinho fazia divisa com outras duas fazendas: A Bom Sucesso e a Fazenda do Cercado ou fazenda do Leitão de propriedade de João Leite da Silva Ortiz, que teve importância significativa para o desenvolvimento econômico e urbano do Arraial do Curral Del Rey, futura Belo Horizonte. Conforme consta em documentação da Gerência de Patrimônio Histórico e Artístico do Município. Em 1894, parte das terras da fazenda Cercadinho, foram desapropriadas para que a prefeitura construísse na região; um “cinturão verde” da capital recém criada, denominado: “Colônia Afonso Pena”, projeto que acabou disputando com a instalação dos primeiros barracos da favela. Segundo as plantas da cidade de Belo Horizonte é possível verificar as primeiras habitações do
Aglomerado já em 1929. Nestes mapas, até o ano de 1940, podemos verificar que a região onde se encontrava a fazenda passou a receber o nome de “Colônia Afonso Pena”. Nota-se neste período, a constante tentativa da prefeitura, em afastar do perímetro urbano a população favelada e de baixa renda.
Esse, contudo, não representava o único projeto da prefeitura para a região. A lagoa da Barragem Santa Lúcia, por exemplo, fazia parte de um projeto de 1954 para evitar enchentes, onde atualmente se encontra o bairro Cidade Jardim. Projeto do antigo e extinto Departamento Nacional Contra a Seca. A construção da Barragem visava toda uma infra-estrutura para a formação do bairro Cidade Jardim. A cidade extrapolava dessa forma, os limites da Avenida do Contorno, agora não mais apenas com favelas, mas com boas casas, mansões e edifícios; para uma elite que se expandia com o desenvolvimento da cidade.

A fazenda dispunha de um grande manancial de águas, compostos pelos córregos Cercadinho, Leitão e Ferrugem que formavam uma bela e refrescante lagoa nas proximidades da olaria, onde hoje se encontra a lagoa da Barragem Santa Lúcia. Segundo Isabel Rocha de Magalhães, uma das moradoras mais antigas do Aglomerado e proprietária da Casa Fazendinha, o Morro abrigava uma extensa plantação de café, pés de cana, mandioca, feijão e pequenos pés de abacaxi que formavam uma maravilhosa paisagem.
Já o nome “Morro do Papagaio”, na versão mais freqüente desses antigos moradores, refere-se a uma antiga prática das crianças e jovens de se dirigirem para o alto do morro, para empinar pipas ou soltar papagaio. Os fortes ventos da região criavam todo o ambiente necessário à brincadeira. “Vou para o Morro do Papagaio”, significava em outras palavras: “Vou para o alto do morro, empinar pipa”. A partir daí, o nome pegou e todos os que moravam no Aglomerado passaram a se referir ao local como Morro do Papagaio.

Juvenal Lima Gomes – Historiador
Fotografias: Daniel Souza

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